segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Relato de um parto

Já se passaram quase 4 meses e ainda não tive um tempinho para vir relatar aquele que foi o dia mais feliz da minha vida.
Lá se passou o dia 4 de setembro e nada do R. nascer. Depois de uma conversa com o Dr. decidimos induzir o parto para o dia 10. Mas o R. decidiu o seu dia e nasceu no dia 7 de Setembro.
Na madrugada de 7 comecei a ter umas contrações mais fortes que as normais, levantei me e disse ao L. de hoje não passa. Começamos por controlar de quanto em quanto tempo vinham elas e a cada 10 minutos era uma mais forte que outra, depois de 5 em 5 e lá fomos para o hospital.
Quando chegamos ao hospital de Loures, o médico que já me tinha atendido na vez passada, fez-me o toque e com o relatório do ctg concluiu que apesar de ter apenas 1cm não passava daquele dia e mandou me para casa. Disse que só quando já não me conseguisse mexer é que podia voltar.
Assim que entro para o carro, as malandras já estavam de 3 em 3 minutos e eu com dores horríveis. Foi a viagem mais longa que fiz, nunca um trajeto me pareceu tão longo que tive de bater nos vidros para abafar a dor.
Já em casa, a coisa não melhorou, sentia muitas náuseas e tive alguns vômitos mas a dor da contração era simplesmente indescritível. Era uma dor tão forte que assim que parava sentia um alivio imenso que me fazia esquece la por completo.
Sempre quis ter parto natural, no entanto as hipóteses começaram a desaparecer quando com 38 semanas o meu colo ainda não  estava maduro, comecei a perder as esperanças mas nunca descartei a hipótese de tentar até a ultima.
Decidimos ir para o privado, onde sempre fui acompanhada, apesar de não ter seguro ativo estava no período de carência e ainda tinha um bom desconto. Assim que cheguei só pedia pela epidural,eu que sempre me achei corajosa o suficiente e que sempre quis sentir tudo. Eu sei que cada um é como é mas as dores tornaram se insuportáveis que não me imaginava a sofrer tanto por tantas horas.
Já tinha 3 cm e podia apanhar a epidural. Foi uma eternidade até a bendita chegar, alguns vômitos e lagrimas depois lá chegou a anestesista e explicou me tudo. Tinha de fazer logo porque depois era mais complicado por causa das dores. Posso dizer que entrei as 12:00 e só lá para as 13:30 começou o processo todo.
Tinha uma barriga enorme e foi muito difícil estar sentada com as pernas abertas e ter de por as costas todas enroladas, mas valeu muito a pena. Parece que afinal não aguento assim tanto a dor mas naquele momento tive uma enorme admiração por todas mulheres que conseguem aguentar sem epidural, em especial pela minha mãe.
As horas passavam e nada de dilatar como deve ser,sentia uma dor de leve mas nada que não pudesse aguentar, fui dormindo e nada de dilatação. A enfermeira ao fazer o toque reparou que tinha a bolsa furada e quando fiz um bocado de força lá rebentaram as águas, adorei a sensação. Apesar de não dilatar e de constatar que o bebe nem sequer estava encaixado sempre tive muita vontade de fazer força mas as circuntancias não permitiram que assim fosse.
Perto das 19h o médico chegou e disse me que podíamos esperar até as 20:30 mas se não avançasse teria de ser  cesariana ou esperar sem garantias que conseguisse fazer o parto normal e podia eventualmente por em risco a vida do R.
Ainda levei com a oxitocina mas apenas fez com que o ritmo cardíaco do bebe ficasse um pouco alterado e tiveram de baixar a dose.
Perdi as esperanças por completo, mas além do colo estar verde a bacia também estava estreita e podia dificultar a passagem da cabeça. Decidimos assim avançar para a cesariana porque não queria correr o risco do bebe estar a sofrer.
Entrei para o bloco assustada porque não estava em mim que não ia ter o parto que sempre idealizei e para piorar a anestesia local não pegava. Quando sai da cama para a mesa o cateter deslocou se e a anestesia simplesmente não entrava. Voltei a sentir tudo de novo, as contrações, entrei em panico porque achei assustador ter um pano praticamente na cara, os pés amarrados, não mexer as maos mas tive a sorte de ter o meu marido ao meu lado.
Lá tive de levar com uma especie de  "anestesia geral" e adormeci. Não senti mais nada. Quando acordei so queria ver o meu bebe, saber se era saudavel e sentir o seu cheirinho e assim foi. Tudo bem com o R. nasceu com 3.360kg e 49 cm. Lindo, lindo e muito lindo e fui invadida por um sentimento unico e um amor gigante que até hoje não cabe no peito.
Consegui dar de mamar ao meu bebe, sofri com ele porque teve as malditas colicas e ao fim de 3 dias fomos para a casa dominada pelo medo pro sentir me desprotegida e a questionar me se ia conseguir dar conta do recado.
Hoje, 4 meses depois, o nosso menino tá optimo e saudavel e nós apesar de cansados,sentimo nos os pais mais abencoados do mundo por termos recebido a melhor prenda do mundo.